“PRIMEIRO DEUS”AO GUARDARMOS O SÁBADO
Semana de Mordomia cristã 2023 • Sermon • Submitted • Presented
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“PRIMEIRO DEUS”AO GUARDARMOS O SÁBADO
O sábado é um lembrete de que Deus está em primeiro lugar.
TEXTO BÍBLICO: Lucas 6:1-10
INTRODUÇÃO
Como o sábado está relacionado ao princípio de Primeiro Deus? Deus declara, no livro do profeta Ezequiel: “Santifiquem os Meus sábados, pois servirão de sinal entre Mim e vocês, para que saibam que Eu sou o Senhor, seu Deus” (Ez 20:20). Essas palavras revelam que a observância do sábado é uma declaração do governo de Deus sobre nossa vida. Da mesma forma, a atitude de Jesus em relação ao sábado nos faz lembrar que devemos colocar Deus em primeiro lugar. Nesta reflexão, consideraremos a história narrada em Lucas 6:1-10 para aprender mais sobre como guardar o sábado e colocar Deus em primeiro lugar, VAMOS LER.
I – CULTIVANDO A MENTALIDADE DE “PRIMEIRO DEUS”
O relato desse milagre começa com as palavras: “Em outro sábado”. Os evangelhos fazem referências regulares aos atos de Jesus durante o dia de sábado – do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado. Neste capítulo, Lucas, o historiador, juntou dois eventos relacionados ao sábado. O primeiro diz respeito aos discípulos colhendo grãos do campo, no sábado, para comer. Os fariseus os acusavam de violar a lei. Em resposta, Jesus justificou suas ações e declarou-Se como o Senhor do sábado (Lc 6:3, 4; Mc 2:27, 28; Mt 12:5, 6), abro parêntese para dizer que muitos evangélicos justificam a guarda do domingo como dia do Senhor, mas o próprio Jesus se declara com SENHOR do sábado e não do domingo. O segundo evento é o relato de um dos milagres de Jesus realizado durante o sábado. Por que o sábado recebe tanto destaque nos evangelhos?
Em contraste com festivais como a Páscoa, Tabernáculos e Purim, a celebração do sábado não era a comemoração de um evento importante na história de Israel. Era – e ainda é – o memorial semanal do ato da criação: Deus criou tudo. Tudo passou a existir por meio da intervenção inicial de Deus no universo. Como tal, esse dia é um lembrete constante de que Deus ocupa o primeiro lugar e de que Ele é o Criador e Provedor. Sem dúvida, a observância semanal do sábado mostra o Pai como Criador-Provedor e o Filho atua como Seu gerente.
Ellen White escreveu estas palavras sobre o propósito principal do sábado: “Nenhuma outra das instituições dadas aos judeus tendia a distingui-los tão completamente das nações circunvizinhas, como o sábado. Era intenção do Senhor que sua observância os designasse como adoradores Seus. Seria um sinal de sua separação da idolatria, e ligação com o verdadeiro Deus.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 193).
O propósito do sábado é que a humanidade alinhe suas vidas com o universo, Deus em primeiro lugar, reconhecendo-O como Criador e Provedor.
Quando analisamos a criação de Deus em gênesis 1, notamos que a existência humana se desdobra em dois planos: tempo e espaço. Adão foi criado no sexto dia (tempo) e colocado em um jardim (espaço). Como seres vivos, não apenas ocupamos espaço, mas estamos constantemente modificando o mundo material ao nosso redor. Este é, de fato, o desígnio de Deus para a humanidade (Gn 2:15). No entanto, esse esforço apresenta o risco de esquecermos que temos uma relação com o Criador e que somos dependentes Dele. Muitos acabam adquirindo uma mentalidade puramente materialista. Para evitar esse resultado, Deus estabeleceu o primeiro dia completo de existência do homem não como um dia de trabalho, mas como um dia de descanso. O sábado nos ajuda a lembrar que não somos nós que sustentamos o mundo e nossa existência. A guarda do sábado é essencial para que desenvolvamos a mentalidade de Primeiro Deus.
II – PRIMEIRO DEUS NA ADORAÇÃO CONGREGACIONAL
Naquele sábado, Jesus “entrou na sinagoga” – literalmente o local da assembleia – e passou a “ensinar”. A sinagoga desempenhou um papel importante no ministério terreno de Jesus. Mais de 10 vezes, os evangelhos associam o ministério de Jesus à sinagoga. Ali acontecia reunião de crentes em pequenos grupos de oração, sem o oferecimento de sacrifícios. As sinagogas foram formalmente organizadas durante o exílio na Babilônia, após a destruição do templo de Jerusalém. Elas passaram a ser fundamentais para a vida social e religiosa das comunidades judaicas locais. Serviam como escolas, centros comunitários, locais de reunião, tribunais e locais de oração e estudo. No sábado, o espaço era restrito ao culto e às leituras das Escrituras. Várias orações (bênçãos e homenagens póstumas) faziam parte dos cultos de sábado. O elemento de instrução é encontrado nas leituras do Pentateuco (os cinco livros de Moisés), nos escritos dos profetas e em um breve sermão. Naquele dia, Jesus foi convidado a fazer uma parte das leituras ou a apresentar o sermão.
Adorar e ouvir a Palavra de Deus são as duas atividades fundamentais daqueles que colocam Deus em primeiro lugar. Quando adoramos, reconhecemos quem é Deus, e quando estudamos Sua Palavra, nos submetemos às Suas instruções. Os cultos de sábado fornecem o espaço e o tempo para os crentes passarem por essa experiência.
Jesus nos ajuda a entender que o descanso sabático não é equivalente a um dia de inatividade, apenas. Além de cultivar em nós a mentalidade de descansar no Senhor, o descanso sabático provê o tempo para a adoração e o estudo da obra de Deus. Nós nos libertamos das agitadas atividades da semana e nos envolvemos naquelas que são mais edificantes. O propósito final do sábado não é dar descanso para nossos músculos cansados ou termos um dia para não fazer nada. O propósito do sábado é aumentar a possibilidade de adorarmos a Deus e ouvirmos Sua palavra. Durante a semana, podemos desfrutar desses exercícios espirituais pessoalmente e com nossa família, mas é no sábado que uma experiência espiritual coletiva está ao nosso alcance. Quando os crentes se reúnem como uma família, juntos, eles reconhecem sua afiliação a um Deus e um Salvador.
Duas práticas infelizmente estão se tornando uma tendência entre o povo de Deus durante este tempo de pandemia e distanciamento social. Primeiro, alguns são tentados a usar as horas do sábado para longas caminhadas em meio à natureza, em vez de participarem da adoração coletiva. A natureza é, de fato, o segundo livro de Deus, mas não é plano Dele que uma caminhada pela natureza seja um substituto para a adoração coletiva, mas, sim, um complemento dela.
Outra prática é a da “igreja bufê”: os crentes estão pulando de um site para outro em busca de um professor da Escola Sabatina, de um líder de louvor ou de um pregador de acordo com seu gosto. Dessa maneira, a experiência de adoração é planejada de modo a satisfazer preferências pessoais em detrimento de fazer parte de uma assembleia de crentes, como exemplificado nas experiências de Jesus na sinagoga. De acordo com o apóstolo Paulo, os ministérios são estabelecidos por Cristo “para a edificação do corpo de Cristo”, e não para incentivar cristãos individualmente (Ef 4:11-12).
III – PRIMEIRO DEUS NO SERVIÇO AOS OUTROS
Tanto no tanque de Betesda quanto naquela sinagoga, Jesus usou as horas do sábado para suprir as necessidades daqueles que se encontravam vulneráveis. Em resposta ao ataque dos fariseus, Ele fez esta pergunta retórica: “É lícito no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixar que se perca?” (Lc 6:9).
Durante os dias úteis da semana, de domingo a sexta-feira, trabalhamos e desfrutamos do resultado de nosso trabalho. A natureza do trabalho feito no sábado tem duas características diferentes. A primeira é que, no sétimo dia, trabalhamos exclusivamente em prol do interesse dos outros. O eu é negado. Em seu livro, “O Sábado” (The Sabbath), Abraham Heschel fala sobre a natureza altruísta das atividades nas horas do Shabat: “Existe uma esfera do tempo onde o objetivo não é ter, mas ser; não possuir, mas dar; não controlar, mas compartilhar; não subjugar, mas estar de acordo”. A segunda característica é que nosso serviço aos necessitados equivale ao serviço a Deus. O sábio declara que “Quem se compadece do pobre empresta ao Senhor” (Pv 19:17) e Jesus menciona que “sempre que o fizeram a um destes Meus pequeninos irmãos, foi a Mim que o fizeram” (Mt 25:40). Todos os atos de benevolência são, em última análise, dirigidos a Deus. O sábado é o dia de Primeiro Deus por excelência porque neste dia negamos a nós mesmos e servimos a Deus por meio do serviço aos outros.
O pecado e suas consequências desfiguraram e mancharam a imagem de Deus nos seres humanos. Cada vez que trabalhamos para melhorar as condições de vida dos outros, estamos restaurando a imagem de Deus na humanidade. Ellen G. White transmite essa ideia em seus escritos: “Toda religião falsa ensina seus adeptos a serem descuidosos para com as necessidades, sofrimentos e direitos humanos. O evangelho dá alto valor à humanidade, como resgate do sangue de Cristo, e ensina uma terna solicitude pelas necessidades e misérias do homem” (O Desejado de Todas as Nações, p. 196).
Qualquer forma de ministério de restauração ajuda os beneficiários e observadores a apreciar o amor e o poder de Deus. Isso leva mais pessoas a colocarem Deus em primeiro lugar.
CONCLUSÃO
A maneira como Jesus guardou o sábado ajuda a cultivar a mentalidade do Primeiro Deus, a praticar os princípios do Primeiro Deus e a influenciar outros a adotarem essa filosofia de vida. Quando as horas do sábado são investidas em descanso, adoração coletiva, estudo da Bíblia e ministério altruísta, o sétimo dia se torna o dia mais gratificante da semana, um deleite para os observadores do sábado.
APELO
O que está impedindo que você experimente o sábado como o dia do Primeiro Deus? Sente com a sua família e veja maneiras que vocês podem enriquecer sua experiência sabática. Há alguém enfrentando algum tipo de dificuldade ou perseguições por guardar o sábado? Tenha fé confiança em Deus e Ele vai fazer maravilhas em sua vida. Peça a Jesus um coração convertido para guardar o sábado, preparando-se devidamente para ele na sexta-feira, respeitando seus limites e mantendo pensamentos e atividades apropriados. Mas para que isso possa acontecer é necessário uma preparação a partir do domingo.